domingo, 8 de janeiro de 2012

Ainda sobre 93 e 99: Joãozinho relembra


Equipe campeã potiguar de 1993
Joãozinho e o filho João Vitor

Reportagem sobre Joãozinho

Entre os times campeões de 93 e 99, havia algo em comum: Joãozinho, o "Danadinho".  O atacante conseguiu estabelecer uma forte empatia com a torcida alvinegra, sendo um dos jogadores mais carismáticos que atuou pelo ABC em um passado não tão distante.

Joãozinho era - e continua sendo - acima de tudo, um torcedor do ABC.  Mesmo tendo começado a carreira tarde, aos 24 anos, o atacante teve tempo suficiente para participar da conquista de quatro títulos estaduais, sendo que dois foram dos mais dramáticos da história alvinegra.  Além disso,  fez parte do elenco que chegou as oitavas de finais da Copa do Brasil de 2000, sendo eliminado da competição invicto, pela forte equipe do Palmeiras de Felipão, após dois empates.  Sem dúvidas, Joãozinho foi um predestinado.


Pesquisando na internet sobre Joãozinho, encontrei, além  da reportagem do Youtube postada no início da matéria, uma excelente entrevista concedida à Tribuna do Norte de 24/07 do ano passado.  Na ocasião, o Danadinho tornou pública a indisposição existente entre Sérgio Alves e Robigol, muito especulada na época, mas nunca confirmada. Vale apena ler!  Segue abaixo a matéria quase na íntegra:

O ex-atacante Joãozinho, que vem procurando se manter afastado do futebol e disse que hoje prefere atuar apenas como torcedor do ABC, reapareceu na semana em que os torcedores do clube alvinegro comemoraram a passagem dos 18 anos daquela que foi considerada a decisão mais dramática entre ABC x América: a final do segundo turno do Campeonato Estadual de 1993, quando o "Mais Querido" foi obrigado a vencer o alvirrubro no tempo normal e na prorrogação para garantir uma vaga na final diante de um rival mais forte e que tinha Souza dando os primeiros passos na sua gloriosa carreira. 

O que ficou marcado mesmo naquela ocasião foi o gol de Sérgio China, aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação e que permanece vivo na memória de qualquer abecedista que acompanhou essa história.

Em início de carreira, Joãozinho foi também um dos maiores personagens desse momento marcante, pois fez o gol que garantiu a vitória abecedista no tempo normal (2 a 1) e que deu a oportunidade do clube tentar a sorte na prorrogação. Não é por menos que o xodó da frasqueira  faz coro com a torcida e aponta esta como a decisão mais dramática de sua carreira. Nem o título de 1999, conquistado após uma série de cinco confrontos diante do América e garantido depois de uma jogada individual sua praticamente na primeira vez em que tocou na bola, segundo o "Danadinho" foi tão dramático quanto a final do segundo turno de 1993.

"Tive muita felicidade no ABC, onde participei da conquista de quatro títulos estaduais. Por causa disso, pode ser estranho o fato de eu apontar a decisão de um turno como a mais dramática da minha carreira. Mas o clima daquele jogo foi todo especial, um empate no tempo normal ou na prorrogação já seria suficiente para dar o título ao América e nosso time teve um poder de superação incrível dentro de campo e acabou premiado com aquele gol realmente inesquecível de Sérgio China. Realmente ninguém consegue esquecer um momento como aquele", disse.

A data de 18 de julho de 1993 está tão presente na memória do ex-jogador, que ele é capaz de dar detalhes que só as pessoas que estavam em campo podem fazer. "Já estava no final da prorrogação, teve aquela falta no lado direito, Odilon se preparava para bater, quando o nosso goleiro André Dias apareceu para tentar cabecear a bola. Odilon levantou a bola na área e depois da confusão, o jogador do América tentou dar um chutão, mas pegou mal e a bola caiu nos pés de Sérgio China. Ele dominou a bola e nem chegou a bater tão forte, mas Eugênio acabou traído pelo quique da bola. Depois dali Gito ainda teve a oportunidade de bater uma falta na entrada da nossa área, mas acabou isolando e a nossa festa começou naquele momento", relata.

Naquela época o ABC vivia um período complicado, o presidente Leonardo Arruda foi obrigado a buscar o apoio de abnegados para montar aquele elenco, que tinha em Sérgio China e Odilon  as grandes estrelas e Joãozinho como uma grande revelação. "Jogar ao lado desse pessoal era fácil, nunca esqueço que um dia Odilon chegou para mim e disse para que procurasse pensar junto com ele, que eu rapidinho iria estar jogando fora de Natal, em duas temporadas atuando ao lado dele marquei 38 gols. Foi o que aconteceu, Odilon só me deixava na cara do gol e ai comecei a chamar a atenção de outros clubes. Tanto que depois me transferi para Pernambuco onde joguei no Santa Cruz e no Sport", disse ressaltando que tem muito a agradecer ao "Baixinho" , a quem considera um verdadeiro monstro dentro dos gramados.

"Odilon fez isso tudo por mim e a única coisa que me pediu quando eu fosse para fora de Natal, era para mandar umas chuteiras para ele, que tinha o pé muito pequeno. Tanto é que sempre quando passava numa loja de material esportivo e via uma chuteira número 36, comprava e mandava para o Baixinho", recorda.

Time de 1999 é um grupo inesquecível

Se o título do segundo turno do Estadual de 1993 marcou a carreira de Joãozinho, tem um time montado pelo ABC que também é considerado inesquecível para o jogador: o de 1999. Tanto que ele aponta esse grupo juntamente com o do Sport Recife de 1995 como os melhores elencos que teve a oportunidade de participar. De Pernambuco também ele guarda uma excelente lembrança do Santa Cruz, onde atuou em 1994 e conseguiu se tornar o maior artilheiro do futebol brasileiro na temporada, com 34 gols marcados.

"O Sport e o ABC foram os melhores times dos quais participei disparado", destacou, ao mesmo tempo em que se pergunta por qual motivo aquele time do ABC não conseguiu o acesso para série A em 1999. "Nosso time era todo certinho e tinha jogadores com muita qualidade. Mas não fomos felizes", ressalta.

João acredita também que a temporada de 1999 foi um ano mágico para o futebol potiguar, por que se o ABC era uma equipe de alta qualidade, o elenco formado pelo América também não ficava para traz. "Naquele ano o time do América era muito bom e digo até que se fosse comparado jogador por jogador, o elenco deles tinha até mais qualidade que o nosso. Aquele ataque com Cleyton e George era sensacional e dava um trabalho muito grande para nossa defesa, que tinha dois zagueiro de alta qualidade: Marcão e Mário César", lembra.

Em 1999 o maior trabalho do treinador Ferdinando Teixeira e dos jogadores com mais espírito de grupo foi conter a vaidade dos  principais jogadores daquele grupo. "Robson e Sérgio Alves não se falavam. Ficaram intrigados por causa da briga pela artilharia e mal passavam a bola um para o outro em campo", afirma.
Joãozinho revela que Mário César, capitão e jogador mais experiente do grupo na ocasião, vendo que as intrigas de Sérgio Alves poderiam prejudicar o desempenho do grupo, usou ele (Joãozinho) para fazer um elo de ligação entre Sérgio e os demais atletas.

"Sérgio Alves sempre foi um jogador muito profissional, chegava nos treinos dava apenas boa tarde para o pessoal, trocava a roupa e ia para o campo treinar. Como sempre fui extrovertido comecei a me aproximar dele, brincar com ele, me concentra no mesmo quarto e acabei conquistando sua amizade. Depois que conseguimos quebrar esse gelo o homem começou a voar em campo, era difícil de segurar", salienta.

Clima pesado provocou afastamento

Se guarda excelentes recordações do tempo em que era profissional do futebol, Joãozinho credita as coisas ruins que acompanhou nos bastidores dessa área, sua decisão de afastar do meio depois que decidiu abandonar a carreira de jogador. Agora sua única ligação com o futebol são as arquibancadas dos estádios.

"Me decepcionei muito com os bastidores do futebol, existe muita trairagem e, apesar dos convites, sempre evitei trabalhar com escolinhas. Prefiro levar minha vida afastado trabalhando na Assembleia Legislativa e mantendo as duas farmácias que possuo no interior junto com minha esposa", afirma.

Ele se dá por satisfeito com o tempo dedicado ao esporte, uma vez que tinha tudo para não dar certo na carreira. "Iniciei minha vida profissional aos 24 anos no ABC, depois de ter conquistado o título do Matutão de 1991 pelo Olho D´água. Cheguei sem base nenhuma ao clube e ainda assim consegui vencer na carreira. Mas os bastidores do futebol aterrorizam qualquer um, existe muita briga, choque de egos e isso não dá para mim", salienta.

Mas apesar de revelar todo dissabor com o esporte, ele disse que não pretende impedir que o filho João Vitor, 10 anos, siga a mesma carreira. "Ele é louco por futebol. Hoje mora com a minha primeira mulher no interior do Rio de Janeiro e já treina por lá. Vou dar todo incentivo possível" disse.


http://tribunadonorte.com.br/noticia/joaozinho-lembra-o-titulo-dramatico/189884
http://musicadogol.blogspot.com/2011/11/18-anos-depois-joaozinho-relembra-no.html

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