terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ABC e América: cabeça de sardinha ou rabo de baleia?


Apesar de eventualmente tanto o ABC como o América tentarem propagar um suposto prestigio na elite do futebol brasileiro, a grande verdade é que nenhum clube do RN, em momento algum, teve alguma significância no cenário nacional.   Nem ABC, nem muito menos o América tiveram, ou têm, relevância alguma na divisão máxima do nosso futebol. Trata-se de uma constatação cruel, mas pensar diferente não é pensar: é delirar.

Para que fosse admitida a existência de alguma tradição na competição, seria necessário, no mínimo, que um dos clubes tivesse, em algum momento, sido competitivo no certame. E ser competitivo significa estar na briga direta pelo título. Não só o RN nunca foi finalista, como também nunca concluiu sua participação na competição dentre os 10 primeiros. Todas as classificações finais ficaram acima da 15ª colocação e em várias ocasiões o RN foi lanterna da competição. Portanto, pelo menos até o brasileiro de 2007 - última participação do RN - não passamos de um mero coadjuvante, para não dizer, saco de pancadas. Em termos de reconhecimento, a única ocasião em que nos destacamos foi em 1972, quando Alberi foi eleito o melhor centroavante da competição. E só! O célebre João Machado fazia alusão as correntes do posto fiscal, como o limite da grandeza dos times locais.

Na verdade o time do América teve um maior número de participações na primeira divisão em relação ao ABC, porém essa suposta vantagem sequer chega a representar um volume que evidencie uma superioridade inconteste.  Desde a criação do primeiro campeonato de abrangência nacional, o ABC teve 15 participações na elite, contra 17 participações do América. É bem verdade que nas últimas duas décadas, o ABC só disputou a primeira divisão em 2000, contra 4 participações do América (1997, 1998, 2000 e 2007).  Talvez por isso, a geração Gito imagine ter uma grande vantagem em relação ao ABC. Mas a realidade dos fatos é outra

A glória dos dois maiores clubes do RN, fundamentalmente advém da segunda e terceira divisões do campeonato brasileiro e do campeonato estadual.  Nessas competições podemos afirmar que tanto o ABC como o América têm tradição. Porém, o alvinegro reina absoluto: no brasileiro conquistamos o único título nacional de uma equipe potiguar e no estadual somos recordistas, com 52 conquistas.

É óbvio que todos os torcedores - tanto do ABC, quanto do seu principal rival - desejam muito estar presentes na divisão de elite do futebol brasileiro - nem podia ser diferente. Quem não sonha ver seu clube no topo, reconhecido nacionalmente e reverenciado?  Só que, particularmente, só desejo que isso ocorra, caso tenhamos estrutura para honrar o nome do RN.  É preferível sermos cabeça de sardinha, a sermos rabo de baleia.  Se for para ser motivo de piada no Fantástico ou saco de pancadas dos clubes grandes, é preferível permanecer onde estamos.

Mas creio que o ABC está alcançando uma condição que nos permite sonhar alçando vôos mais altos. O clube tem hoje uma estrutura física invejável e um razoável profissionalismo na sua administração.  O alicerce para uma participação mais efetiva na elite do futebol brasileiro, está sendo sedimentado. Entendo que estamos bem próximo de deixar de ser cabeça de sardinha. Mas o que vislumbramos não é ser rabo de baleia: é nos torrnarmos cabeça de tubarão.

Resumo da participação dos clubes do RN, na primeira divisão do Campeonato Brasileiro

Taça do Brasil (competição nacional reconhecida pela CBF, antecessora do campeonato brasileiro)

1959: ABC (eliminado na primeira fase)
1960: ABC (eliminado nas semifinais do grupo da região Norte-Nordeste)
1961: ABC (eliminado na primeira fase do grupo da região Norte-Nordeste)
1962: ABC (eliminado na primeira fase do grupo da região Nordeste)
1963: ABC (eliminado na primeira fase do grupo da região Nordeste)
1964: Alecrim (eliminado na primeira fase do grupo da região Nordeste)
1965: Alecrim (eliminado na primeira fase do grupo da região Nordeste)
1966: ABC (eliminado na primeira fase do grupo da região Nordeste)
1967: ABC (terceiro colocado no grupo do Nordeste – eliminado)
1968: América (segundo colocado do grupo 2 da zona do Norte-Nordeste – eliminado)

Campeonato Nacional

1972: ABC (23º lugar)
1973: América (25º lugar)
1974: América (32º lugar)
1975: América (24º lugar)
1976: América (34º lugar) e ABC (51º lugar)
1977: América (17º lugar) e ABC (34º lugar)
1978: ABC (45º lugar) e América (60º lugar)
1979: ABC (51º lugar) e América (85º lugar)
1980: América (34º lugar)
1981: América (33º lugar)
1982: América (39º lugar)
1983: América (28º lugar)
1984: ABC (28º lugar)
1985: ABC (34º lugar)
1986: América (44º lugar) e Alecrim (70º lugar)
1997: América (16º lugar)
1998: América (24º lugar)
2000: Copa João Havelange – ABC (44º lugar), América (47º lugar) e Potiguar-M (112º lugar)
2007: América (20º lugar)

Fontes:

http://www.futeboldorn.com.br/historia2/index_12.htm
http://placar.abril.com.br/brasileiro/remo/materias/questao-de-reconhecimento.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Campeonato_Brasileiro_de_Futebol

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