terça-feira, 27 de outubro de 2009

Braço Desarmado


O que fazer com um ser livre que tem um vício que provoca imenso desconforto ou até mesmo risco, aos que o cercam? O que fazer se ele não aceita tratamento, nem o estado dispõe do aparato prescrito admitido para o caso? O que fazer se o legislador vive em um "faz de conta", habitando um mundo diverso do real, em um pais que não é o Brasil, e que cria uma legislação muito bonita, mas absolutamente inexequível e inaplicável? Sigo esta linha de raciocínio, caminhando através de indagações, para retornar a primeira pergunta, reformulando-a de uma forma mais objetiva: O que fazer com um drogado perigoso, que não aceita tratamento?

sábado, 24 de outubro de 2009

Espelho

Esta semana tive contato com um cliente e amigo que me relatava um infortúnio que passou. Como jovem e próspero comerciante, tinha – e ainda tem – um futuro promissor. Mas o ano passou, quando estava no seu estabelecimento comercial, foi vítima de um assalto e acabou sendo baleado com dois tiros. Uma bala causou poucos danos, mas a outra provocou sérias lesões no seu fígado, destruindo 80% do órgão.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Injusta Faceta


Não concordo muito com a cobrança excessiva que os veículos de comunicação fazem de uma polícia educada e cheia de boas maneiras para a abordagem de delinquentes. Outro dia passou uma reportagem - várias vezes e em todos os telejornais - de um flagra que alguns estudantes gravaram de uma ação da polícia.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Paredão


Parede do Açude Umari, em Upanema (RN) 

Paredão para mim é esse aí.  O resto é brinquedo que faz zoada e incomoda, de adolescente besta, que gosta de aparecer.


Hoje em qualquer cidade
Não há local de sossego
Na periferia ou centro
Não existe aconchego
A partir da invenção
Desse tal de paredão
Só quem dorme é morcego


É uma grande besteira
Procurar a autoridade
Hoje é um só delegado
Pra seis ou sete cidades
Com o carro indisponível
Por falta de combustível
Fica sem mobilidade


Certo dia, uma turma
Curtindo a sua noitada
Com um som amplificado
Em uma hora avançada
Certamente se lixando
Por se encontrar profanando
Uma norma que é sagrada


Um marchante diplomado
Pela escola da vida
Sendo aluno laureado
Sem matéria repetida
Vai pedir para baixar
Aquele som "de lascar"
Que incomoda a avenida


Precisando descansar
De uma labuta pesada
Querendo se recolher
Na sua hora marcada
Se depara com a conduta
Daqueles “felasdasputa”
Que deixa a rua acordada


Tinha uma moça magrela
Das pernas "fina" e zambeta
Parecia que sambava
Pilotando uma lambreta
Seu corpo foi inspirado
Num desenho inacabado
De um chassi de borboleta


Um macho da bunda grande
Dançava a quebradeira
Rebolando até o chão
Balançando as cadeiras
Vez por outra toca um funck
O nego dá um arranque
Feito um fusca na ladeira


O trabalhador cansado
Doido pra curtir seu sono
Se dirige ao quartudo
Que do paredão é dono
Antes, mesmo, de falar
Ouve: - Nem venha chorar
Meu sonzão eu não raciono


Paciência tem limite
E momento de acabar
De tanto pedir a eles
A fineza de baixar
Pensa: - Só podem ser loucos
Ou então devem ser moucos
Pra conseguir suportar


Depois de se rebaixar
Mesmo com toda razão
Se vê desmoralizado
O humilde cidadão
Decide fazer besteira
Puxando a faca peixeira
E empunhando o facão


Diz: - Mulher traga a bacia
Grande, de "aparar fato"
E a vara de virar tripas
Deixe que eu mesmo trato
O da bunda empinada
Vai virar uma buchada
É o primeiro que eu mato


O sujeito quando viu
O brilho da "lambedeira"
Suspendeu o rebolado
Disparou numa carreira
Quase que “arreia o barro”
Antes de saltar no carro
E engatar a primeira


Nem se lembrou que o reboque
Tava em mau posição
Com energia ligada
Através da extensão
Quando o carro disparou
O fio se esticou
Partindo a fiação


Foi fogo pra todo lado
Antes do som se calar
Na posição que estava
Não foi possível aprumar
O reboque capotou
O sonzão se espatifou
E a paz voltou a reinar


O restante da história
Nem precisa dar guarida
A “mundiça” se encantou
Ohh povo bom de corrida
Só a zambeta magrela
Que ninguém, depois, viu ela
Permanecendo sumida


Encontraram a menina
No terceiro amanhecer
Pense numa cena linda
Que só vendo, para crer
Aquele resto de feira
Trepada numa craibeira
Sem conseguir mais descer


(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)


A história toda é uma ficção, porém alguns termos são influenciados pela "lenda rural" narrada por Everaldo Cabeção e registrada por Jesus de Miúdo, em seu blog: http://acaridomeuamor.nafoto.net/photo20090724213939.html


Dedico ao acariense Everaldo esta postagem e me solidarizo com ele, pela perda do seu pai, Joaquim de Cristóvão, ocorrida esta semana.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sabedoria do Sertanejo


Buscando conhecimento
Perguntei ao sertanejo
Observador constante
Não vive só de lampejos
- Onde está a fortaleza
Das forças da natureza?
Ele disse: - No Desejo


- Para conter uma moça
Nem a muralha da china
- Nada inibe o alpinista
Nem a mais alta colina
- A própria água do rio
Vence qualquer desafio
Até o mar, sua sina


Vendo que ele filosofa
Quis ouvir seu coração
Perguntando ao sujeito
A sua percepção
Procurei ser mais profundo:
- Que você acha do mundo
E da civilização ?


- O mundo é um presente
Perfeito que Deus nos deu
- O homem o mais perverso
Vivente que já nasceu
- Essa tal humanidade
Com Seu Filho foi covarde
Mas por ela, Ele morreu


Confesso, dei um suspiro
Diante da sapiência
Resolvi explorar mais
A profunda inteligência
Indagando ao cidadão
Sua maior ambição
Que fascina a existência?


- Depende da referência
E individualidade
- O sonho para alguns
Não é unanimidade
- Uma chuva no sertão
E um prato de feijão
Bastam a minha vaidade


E eu achando que um carro
Ou um bonito aposento
Pra quem mora num casebre
E viaja num jumento
Era o sonho de consumo
Mas sua ambição, presumo
Só Deus dá o provimento


(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

sábado, 3 de outubro de 2009

Vida Alheia


Por falta de criatividade, não consegui selecionar nenhuma foto para ilustrar a "Vida Alheia", então resolvi colocar o jumento Felipão.

Você deve está pensando: - O que é que um jumento tem a ver com a vida alheia??? Rigorosamente nada, a não ser por se tratar de um personagem da vida interiorana. Mas, o que é que as pessoas tem a ver com a vida dos outros??? Também, nada. Beleza!!! Então Felipão e a "Vida Alheia" já tem algo em comum. Segundo ponto comum: É aconselhável não se meter com nenhum dos dois. Mas... ...se é de você se meter com Felipão, prefira a vida alheia.

No pacato interior
A vida mansa norteia
Dia-a-dia sem estresse
O sossego encandeia
Mas o lazer principal
Presente em qualquer local
É falar da vida alheia

Não importa quem falseia
Nem se saga é verdadeira
Precisa ser criativa
E sendo a versão primeira
Chamará a atenção
Provocando sensação
O mote sobe ladeira

Se a mulher é chifreira
Quem paga é o marido
Enfeitado, rotulado
Cabisbaixo e sofrido
O chifre ainda tá morno
De qualquer forma é corno
Brabo, manso ou ferido

Maxixe é seu apelido
Por ser, a moça, festeira
Incomodaria menos
Sua orelha na fogueira
Dizem que nasceu vadia
E o seu fogo já ardia
Queimando as mãos da parteira

Uma língua fuxiqueira
Faz um estrago danado
Quando faz o julgamento
De um garoto delicado
Não tendo nenhuma dó:
- Criado pela avó
- Só podia ser viado

Contando a quem tá do lado
Solta logo uma bravata
Diz: - Aquela moça velha
- Figurinha caricata
- É chata por ser solteira ?
- Ou, por só falar besteira
- É solteira por ser chata?

Até o amigo destrata
Quem gosta da falação
Se o sujeito compra um carro
Começa a especulação
Diz que está enricando
Que leva a vida roubando
Seu lugar é na prisão

Quando há repreensão
Ao pensamento fecundo
Não aceita o conselho
Se defende em um segundo
Dentro da cabeça dele
Todo o mundo é contra ele
E ele é só, contra o mundo

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)